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Uma pizza que fala mais do que mil palavras

  • Foto do escritor: Mentes Notáveis
    Mentes Notáveis
  • 13 de jun.
  • 2 min de leitura

O cenário é este: um salão simples, mesas com famílias sorrindo, crianças brincando com a borda da pizza, garçons caminhando apressados. Nada parece diferente. Até que você preste atenção.

Nico Acampora, fundador da PizzAut, celebra ao lado da equipe de jovens autistas que atuam na pizzaria inclusiva. Foto: PizzAut
Nico Acampora, fundador da PizzAut, celebra ao lado da equipe de jovens autistas que atuam na pizzaria inclusiva. Foto: PizzAut

O jovem que anota seu pedido não olha nos olhos, mas sorri com sinceridade. Na cozinha, outro rapaz concentra-se profundamente em montar a pizza perfeita, gesto por gesto, quase como um ritual. Cada pessoa ali tem seu jeito, seu tempo, seu talento. 


Bem-vindo ao PizzAut! Uma pizzaria italiana onde todos os funcionários estão dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).



Nesse lugar, onde o mundo muitas vezes vê limites, enxerga-se potência.


O PizzAut nasceu da dor e da coragem de um pai. Nico Acampora, ao receber o diagnóstico de autismo do filho, fez perguntas que cortam o peito de qualquer pai: “E quando meu filho crescer? Vai poder trabalhar? Vai ser aceito?”.


Enquanto a resposta do mundo era silêncio, Nico respondeu com ação. Criou um restaurante onde a inclusão é o ingrediente secreto. Desde 2017, jovens autistas passam por formação, treinamento e, o mais importante, ganham espaço para serem vistos com dignidade.


O que isso tem a ver com você? Tudo, porque o autismo não mora apenas nas estatísticas. Ele está na sala de aula, na mesa ao lado e na família.



Mas, afinal, o que é espectro autista?


Segundo a American Psychiatric Association (2013), o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades persistentes na comunicação e na interação social, bem como por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O termo espectro destaca a ampla variedade de manifestações: algumas pessoas necessitam de muito suporte, outras são altamente funcionais.


Já o termo autismo costuma ser usado de forma mais genérica, muitas vezes para se referir ao diagnóstico clássico. No entanto, desde a publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), em 2013, o conceito de espectro passou a ser preferido por abranger a diversidade das apresentações clínicas.


Pessoas no espectro autista podem ter rotinas rígidas, hipersensibilidades e dificuldades com interação social. Mas também costumam ter memória afiada, atenção aos detalhes, honestidade e uma capacidade rara de fazer bem feito o que amam (Baron-Cohen, 2008).



A pergunta é: estamos dando espaço para isso florescer?


Uma pizzaria pode não mudar o mundo, mas pode começar uma revolução silenciosa. No PizzAut, cada funcionário é uma resposta viva a milhares de pais que se perguntam, todos os dias: “Será que meu filho vai conseguir?”. 


Falamos muito de empatia, mas será que estamos realmente ouvindo o que essas pessoas têm a dizer?


No fim, talvez a lição esteja nessa pizzaria. Não é caridade. É oportunidade.


Nico não mudou o mundo inteiro, mas mudou o mundo de muitas pessoas.


Referências:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th ed. Arlington, VA: American Psychiatric Publishing, 2013.

BARON-COHEN, S. Autism and Asperger Syndrome. Oxford: Oxford University Press, 2008.


¹A sigla se refere ao título em inglês: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.


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